segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A CRERE e A Jóia do Palácio : VISÃO de 9 de Setembro de 2010

aqui fica  link

http://aeiou.visao.pt/a-joia-do-palacio=f572271

A CRERE - REVISTA VISÃO de 9 de Setembro de 2010

A Jóia do Palácio

Na  revista "Visão" de 9 de Setembro de 2010, no caderno relativo ao Património, destaca-se  a intervenção da CRERE no palácio da Bolsa: a  Conservação e Restauro do Salão Árabe.
Testemunhos da CRERE e Rui Moreira (Presidente da ACP).
Rui Moreira salienta o facto do trabalho ter decorrido mantendo o salão visitável. Refere ainda que esta sala " se tornou um objecto de culto para os turistas".
Em caixa é ainda salientado que 2010 é o ano em que mais turistas visitaram o Salão Árabe e o Palácio da Bolsa.

Certamente que toda a intervenção de Conservação e  Restauro do Salão Árabe realizada pela CRERE, e toda comunicação e divulgação que foi incentivada à volta desta intervenção, contribuiram para esse mesmo acréscimo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

II O Salão Árabe – A Pulsão Pelo Exótico






O Salão Árabe – A Pulsão Pelo Exótico




À entrada da ala esquerda do primeiro pavimento, ocupando o ângulo norte do edifício, encontra-se o Salão Nobre da Associação Comercial do Porto, outrora denominado Salão das Recepções e actualmente também conhecido por Salão Árabe.
Começado a construir em 15 de Setembro de 1862, sob projecto de Gonçalves de Sousa, ficou terminado em 12 de Junho de 1880, data em que foi inaugurado a quando duma sessão comemorativa do Centenário de Camões. Para o seu traçado serviu de modelo o belo Palácio de Alhambra, e, se a rigorosa pureza estilística do original deixou de ser seguida na cópia, o pormenor respeitou e conservou, porém, toda a delicada sumptuosidade dos motivos adaptados.”[1]

O gosto pelo exótico evidencia-se desde o fim do séc. XVIII. Os prazeres sensuais nos espaços implementam-se durante o rococó; o arabesco progride sobretudo na área francesa[2]. Este exotismo mascara, arredonda e amacia as linhas rígidas nos espaços e consegue-se um “…acordo entre a agradável vertigem e uma intimidade confiante.”[3]. Este sentido do exótico implementa-se profundamente no século que imediatamente se segue face à adopção de uma atitude arqueológica, e ao desenvolvimento de um coleccionismo específico[4] e de grande desenvolvimento a partir de 1798 e da campanha de conquista do Egipto por Napoleão Bonaparte[5].






   Fig 1 - Typogravure original de Boussod & Valadon 
segundo Grenier. 1890 




A atitude historicista do orientalismo na arquitectura europeia manifesta-se, de forma decisiva, na transição do setecentos para o oitocentos[6] através da construção do Pavilhão de Brighton em Inglaterra[7] e que  reflectia aspectos chineses e indianos.. Em 1846 Ludwig Von Zanth acaba a “Vila” Wilhelma e em 1848, Rafael Contreras, finaliza o projecto do gabinete árabe do Palácio de Aranjuez (ambos os projectos com influenciados por modelos neo árabes ou neo mouriscos).



Fig 2-  Royal Pavillion em Brighton[8]



Quase em meados do século XIX, estes edifícios em estilo mourisco testemunham o entusiasmo do gosto burguês pelo Oriente. No XIX ocorre um desejo, um interesse crescente em culturas não europeias e antigas. É um fenómeno tão intenso, de tal forma que, com esse desejo, o fantástico e o arqueológico podiam reforçar-se um ao outro[9]. A saudade de um mundo que existia muito longe da realidade há emergente época industrial, está documentada neste estilo historicista e os arquitectos que o abordaram apresentavam uma sólida formação académica, geralmente com origem nas escolas de Belas Artes, e era assumido como um exercício, quase como um divertimento[10].
O exercício desta programação produzia “ … espaços atractivos e feéricos, com decorações fantásticas, o que lhes conferia um carácter peculiar.”[11]. A burguesia de oitocentos assegurava assim  o necessário gosto pelo exótico; eram-lhe suscitadas imagens de “…paraísos proibidos pelo seu código ético-moral…”, apoderando-se “ …dessa imagem de exotismo que não mais deixou de utilizar tornando-a até paradigmática.”[12] .

Este fascínio renovado pelo passado mouro fazia parte da crescente obsessão do Ocidente pelo Oriente. Uma obsessão que se desenvolveu num momento em que, historicamente, a ameaça do Islão ao Ocidente tinha claramente recuado. Não será uma coincidência que os dois países com os maiores interesses coloniais (Inglaterra e França) tenham dado origem aos maiores artista europeus e escritores associados com o Orientalismo e que, praticamente, todos os que sucumbiram a esta mania teriam sempre por acabar por visitar Granada e o Alhambra, local que passou a ser conhecido a partir do início do século XIX como “ a Porta do Oriente”. Chegar a Granada e ao Alhambra era a esperança que todos tinham de experimentar as emoções do Oriente sem ter de passar por uma quantidade de perigos, dificuldades e desconfortos que teriam de enfrentar no próprio e verdadeiro Oriente[13].





Referências em compilação