segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A CRERE e A Jóia do Palácio : VISÃO de 9 de Setembro de 2010

aqui fica  link

http://aeiou.visao.pt/a-joia-do-palacio=f572271

A CRERE - REVISTA VISÃO de 9 de Setembro de 2010

A Jóia do Palácio

Na  revista "Visão" de 9 de Setembro de 2010, no caderno relativo ao Património, destaca-se  a intervenção da CRERE no palácio da Bolsa: a  Conservação e Restauro do Salão Árabe.
Testemunhos da CRERE e Rui Moreira (Presidente da ACP).
Rui Moreira salienta o facto do trabalho ter decorrido mantendo o salão visitável. Refere ainda que esta sala " se tornou um objecto de culto para os turistas".
Em caixa é ainda salientado que 2010 é o ano em que mais turistas visitaram o Salão Árabe e o Palácio da Bolsa.

Certamente que toda a intervenção de Conservação e  Restauro do Salão Árabe realizada pela CRERE, e toda comunicação e divulgação que foi incentivada à volta desta intervenção, contribuiram para esse mesmo acréscimo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

II O Salão Árabe – A Pulsão Pelo Exótico






O Salão Árabe – A Pulsão Pelo Exótico




À entrada da ala esquerda do primeiro pavimento, ocupando o ângulo norte do edifício, encontra-se o Salão Nobre da Associação Comercial do Porto, outrora denominado Salão das Recepções e actualmente também conhecido por Salão Árabe.
Começado a construir em 15 de Setembro de 1862, sob projecto de Gonçalves de Sousa, ficou terminado em 12 de Junho de 1880, data em que foi inaugurado a quando duma sessão comemorativa do Centenário de Camões. Para o seu traçado serviu de modelo o belo Palácio de Alhambra, e, se a rigorosa pureza estilística do original deixou de ser seguida na cópia, o pormenor respeitou e conservou, porém, toda a delicada sumptuosidade dos motivos adaptados.”[1]

O gosto pelo exótico evidencia-se desde o fim do séc. XVIII. Os prazeres sensuais nos espaços implementam-se durante o rococó; o arabesco progride sobretudo na área francesa[2]. Este exotismo mascara, arredonda e amacia as linhas rígidas nos espaços e consegue-se um “…acordo entre a agradável vertigem e uma intimidade confiante.”[3]. Este sentido do exótico implementa-se profundamente no século que imediatamente se segue face à adopção de uma atitude arqueológica, e ao desenvolvimento de um coleccionismo específico[4] e de grande desenvolvimento a partir de 1798 e da campanha de conquista do Egipto por Napoleão Bonaparte[5].






   Fig 1 - Typogravure original de Boussod & Valadon 
segundo Grenier. 1890 




A atitude historicista do orientalismo na arquitectura europeia manifesta-se, de forma decisiva, na transição do setecentos para o oitocentos[6] através da construção do Pavilhão de Brighton em Inglaterra[7] e que  reflectia aspectos chineses e indianos.. Em 1846 Ludwig Von Zanth acaba a “Vila” Wilhelma e em 1848, Rafael Contreras, finaliza o projecto do gabinete árabe do Palácio de Aranjuez (ambos os projectos com influenciados por modelos neo árabes ou neo mouriscos).



Fig 2-  Royal Pavillion em Brighton[8]



Quase em meados do século XIX, estes edifícios em estilo mourisco testemunham o entusiasmo do gosto burguês pelo Oriente. No XIX ocorre um desejo, um interesse crescente em culturas não europeias e antigas. É um fenómeno tão intenso, de tal forma que, com esse desejo, o fantástico e o arqueológico podiam reforçar-se um ao outro[9]. A saudade de um mundo que existia muito longe da realidade há emergente época industrial, está documentada neste estilo historicista e os arquitectos que o abordaram apresentavam uma sólida formação académica, geralmente com origem nas escolas de Belas Artes, e era assumido como um exercício, quase como um divertimento[10].
O exercício desta programação produzia “ … espaços atractivos e feéricos, com decorações fantásticas, o que lhes conferia um carácter peculiar.”[11]. A burguesia de oitocentos assegurava assim  o necessário gosto pelo exótico; eram-lhe suscitadas imagens de “…paraísos proibidos pelo seu código ético-moral…”, apoderando-se “ …dessa imagem de exotismo que não mais deixou de utilizar tornando-a até paradigmática.”[12] .

Este fascínio renovado pelo passado mouro fazia parte da crescente obsessão do Ocidente pelo Oriente. Uma obsessão que se desenvolveu num momento em que, historicamente, a ameaça do Islão ao Ocidente tinha claramente recuado. Não será uma coincidência que os dois países com os maiores interesses coloniais (Inglaterra e França) tenham dado origem aos maiores artista europeus e escritores associados com o Orientalismo e que, praticamente, todos os que sucumbiram a esta mania teriam sempre por acabar por visitar Granada e o Alhambra, local que passou a ser conhecido a partir do início do século XIX como “ a Porta do Oriente”. Chegar a Granada e ao Alhambra era a esperança que todos tinham de experimentar as emoções do Oriente sem ter de passar por uma quantidade de perigos, dificuldades e desconfortos que teriam de enfrentar no próprio e verdadeiro Oriente[13].





Referências em compilação

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Tempo do Salão Árabe

Já passa algum tempo em que nada se passa por aqui.... a toda a hora o mundo continua nesta tarefa incansável que é viver e, tenta-se, viver de olhos bem abertos. Tenta-se, porque muito nos escapa.
O salão está concluído e entregue. Durante este ano de trabalho a CRERE promoveu o trabalho do Salão na óptica do Marketing Cultural e, sem medos, abriu as portas do seu trabalho, converteu-o em cenário e usou-o como palco do "II encontro Sobre os Estuques Portugueses: O Restauro do Salão Árabe". De um objectivo inicial de contarmos com uma assistência, no máximo, de 50 pessoas (sabemos como o mercado cultural em Portugal não é devidamente considerado pela população nacional), o nosso empenho foi claramente dignificado e....ultrapassámos as 150 pessoas. Para além de 20 oradores, a CRERE empenhou-se em editar o livro das Actas relativas ao "I Encontro sobre os Estuques Portugueses" numa parceria CRERE/ Museu Do Estuque/ Bubok criando, assim, a primeira edição da nossa editora: "Museu do Estuque".
Pode não ter interesse para a generalidade do país mas, efectivamente, é a clara demonstração do empreendedorismo da CRERE em prol do património e actuação cultural que tanto defende: assumidamente a sociedade em geral tem de adoptar uma  força motivadora, uma força geradora de potencial de "vontade" num momento tão estagnado como o actual.  Nós acreditamos, e muitos mais também e, sendo assim, já somos alguns a fazer bulir este pais. É bom pensar assim! :)
este é um espaço de partilha e, como tal,  decidi  colocar os 3 capítulos da minha comunicação  (Miguel Figueiredo)     escrita para o  " II encontro Sobre os Estuques Portugueses:  O Restauro do Salão Árabe"   : " O Tempo do Salão Árabe" talvez porque este Tempo que, quase permanece  imutável, não vai ao nosso encontro pelo simples facto de estarmos sempre de "Eyes Wide Shut".



" O Tempo do Salão Árabe"




I - O Tempo do Salão Árabe




Estranho falar de um Salão Árabe no centro histórico do Porto e, ainda para mais, factor determinante que jogou a favor da classificação deste sítio como património Mundial pela UNESCO.

Como é que a arquitectura e decoração do Infiel se instala neste espaço?
Porquê a linguagem, a programação formal e decorativa deste Salão Nobre, actualmente designado de Árabe?
Que fontes e que origens o antecedem e estimulam e inspiram o Eng.º Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa?

“Tudo quanto a arquitectura nos dá a ver e a usar é significativo do viver histórico – e condiciona esse viver nas opções que realiza e revela, quer dizer, nas afirmações que faz”[1] 

Perceber a génese do Palácio da Bolsa e, consequentemente dos Salão Árabe, passa por perceber a transição do setecentos para o oitocentos e o séc. XIX em Portugal.

“1755, no 1º de Novembro, o Terramoto. O mundo português, nas estruturas de classes, do rei ao Governo, da nobreza ao povo, é posto à prova no terror desse dia e dos meses seguintes”[2] . A mudança de ideologia e a manifestação do decaimento do ancien régime andam de mãos dadas com a reconstrução de Lisboa e a materialização de tal situação tem o seu máximo na mudança de nome do “Terreiro do Paço”[3] para “Praça do Comércio”. Este é o facto ideológico mais importante do pombalismo: “Ao rei e à corte sobrepõe-se uma nova classe privilegiada que faz o comércio necessário ao País em “reformação”; mas a estátua equestre que desde os primeiros planos de 56 se previa impõe-lhe o rei no seu centro. (…) a sua existência é que conta para pontuar a monumentalidade da praça nova, numa relação politica que ignora a corte dos nobres”[4].

Há uma manifesta e evidente crise ideológica no início do XIX e a impulsão do país por uma nova burguesia. Estamos em pleno fim do ancient régime e com ele anuncia-se a introdução de novos conceitos ideológicos e sociais que afectam a economia nacional.

Para além desta nova génese social, em 1807 e 1809 ocorrem as invasões napoleónicas que, conjuntamente com a acção libertadora das forças aliadas comandadas pelo duque de Wellington, deixam o país devastado[5].


  fig 1 - 

Alegoria ao exército português, em memória e triunfo da Guerra Peninsular de Luís Gonzaga Pereira (1826)











A crise económica e institucional em Portugal continental agrava-se com a permanência da corte portuguesa no Brasil, o que fortalece as ideias liberais no país, conduzindo à Revolução do Porto (1820). A mudança para uma ideologia essencialmente burguesa, se já é demonstrada por Pombal, é devidamente incrementada pelo Sinérdio portuense[6] , doutrinado por homens de leis e de negócios, e que funcionou como motor à revolução liberal de 1820[7]. É o Vintismo[8] que promove o retorno do soberano à Europa (1821). Neste período a situação económica de Portugal é agravada com a independência do Brasil em 1822 sob a liderança do futuro Imperador D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal: primogénito de D. João VI).

É nesta nova sociedade que se alicerça o novo regime “uma burguesia de barões e financeiros”[9] , onde o mercado comercial e monetário se vê a braços com as necessidades da sua regulação perante a lei; e é com esse objectivo que é estrategicamente fundada a 24 de Dezembro de 1834 a Associação Comercial[10]. A 6 de Agosto de 1842 têm início as obras definitivas à construção do edifício, sob os terrenos do extinto Convento de S. Francisco e cedidos por despacho legal da rainha D. Maria II[11].

O Palácio da Bolsa é, manifestamente, um trabalho edificado pelos maiores nomes associados à defesa do comércio nacional, pelos maiores nomes da arte portuguesa para além de toda uma mole de artistas, artesãos e operários anónimos que durante 62 anos permitiram e asseguraram a materialização de uma ideia através da engenharia, arquitectura e artes nacionais.
Entre o início da obra em 1842 e a conclusão geral de 1909, passaram as determinações de arquitectos/engenheiros como Joaquim da Costa Lima Júnior, Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, Tomás Augusto Soller, José Macedo Araújo Júnior, Joel da Silva Pereira e José Marques da Silva, pintores como António Carneiro, António Ramalho, Luigi Maninni, Veloso Salgado e Marques de Oliveira entre outros, escultores como Teixeira Lopes e Soares dos Reis e toda uma massa de artífices liderados por artistas como Jorge Pinto e Amândio Marques Pinto (mestres pintores), Joaquim José Fontes e Zeferino José Pinto (mestres entalhadores e marceneiros), António Luís Meira e Luís Pinto Meira (mestre estucador que também foi fiscal de obras e mestre modelador das ornamentações) e António Gabriel barros (mestre pedreiro)[12].

Ao longo dos 62 anos de edificação transitam várias gerações de artistas e artífices: a Bolsa funciona como um gigante atelier de consolidação artística dos mestres e de formação artística dos vários participantes na construção; estes, enquanto trabalhadores, certamente que usufruíam da aprendizagem natural que advinha do contacto com os mestres. Consequentemente, há uma visão da Bolsa como agente de formação artística e de estruturação do grau profissional dos operadores. A construção do Palácio da Bolsa funcionou como uma entidade que foi responsável pela transmissão, multiplicação e manipulação de saberes. Estamos a falar de uma mole que funcionou como uma Escola que produziu como resultado final todo o repositório de modelos que foram usados na programação formal e decorativa dos diferentes espaços do Palácio da Bolsa.



fig 2 - 
Fotografia retirada na Escadaria da Igreja de S. Francisco com a lateral do palácio da Bolsa e com todos os artistas intervenientes








fig 3 - 

Pormenor relativo à identificação dos mestres modeladores e estucadores intervenientes.Identificam-se facilmente pela sua farda branca e chapéus ditos de " envelope" ( a farda criada por D. Fernando II de Portugal  aquando do trabalho de estucaria artística realizada pelos Meira no Palácio da Pena em Sintra).








[1] Vd. http://analisesocial.ics.ul.pt/doucentos/1223994524N9LSB7nv6Hr24ww6.pdf ( consultado em 8 de Janeiro de 2010).
[2] Vd. http://analisesocial.ics.ul.pt/doucentos/1223994524N9LSB7nv6Hr24ww6.pdf ( consultado em 8 de Janeiro de 2010).
[3] Alusão ao Paço Real
[4] Vd. http://analisesocial.ics.ul.pt/doucentos/1223994524N9LSB7nv6Hr24ww6.pdf ( consultado em 8 de Janeiro de 2010).
[5] OLIVEIRA, Carlos - O MAGNÍFICO EDIFÍCIO – A Arte e a Iconografia do Palácio da Bolsa, ediçaodoautor@clix.pt, p. 13.
[6] Grupo de personalidades portuenses que, em 24 de Agosto de 1820, protagonizaram na cidade do Porto a revolta que viria a instaurar o regime liberal em Portugal, na sequência de uma tentativa de sublevação anti-britânica falhada pelo general Gomes Freire de Andrade em 1817. Os abusos dos ingleses mantiveram-se desde essa altura, tal como a miséria pública e a necessidade de reformas urgentes. É assim fundado o Sinédrio, em 22 de Janeiro de 1818, por quatro maçons do Porto - Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho, todos juristas, e Ferreira Viana, comerciante. In http://www.infopedia.pt/$sinedrio (consultado a 8 Janeiro de 2010).
[7] Vd. CARDOSO, António – Palácio da Bolsa, Edição da ACP, Porto, 1994, p. 13.
[8] “ Vintismo é a designação genérica dada à situação política que dominou Portugal entre Agosto de 1820 e Abril de 1823, caracterizada pelo radicalismo das soluções liberais e pelo predomínio político das Cortes Constituintes, fortemente influenciadas pela Constituição Espanhola de Cádis. O vintismo iniciou-se com o pronunciamento militar do Porto de 24 de Agosto de 1820, que conduziu à formação da Junta Provisória do Governo Supremo do Reino presidida pelo brigadeiro António da Silveira Pinto da Fonseca, e terminou com a Vilafrancada, quando a 27 de Maio de 1823 o infante D. Miguel encabeça, em Vila Franca de Xira, uma sublevação militar que leva à abolição da Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822 e ao restabelecimento, ainda que mitigado, do absolutismo. (…) O objectivo deste movimento era regenerar a pátria, apelando à aliança do rei com as forças sociais representadas nas Cortes. Da convocação destas novas cortes esperava-se uma sábia constituição, propiciadora de uma governação justa e eficaz. O que caracteriza o Vintismo é o grande número de militares e profissionais liberais que participam no processo político. Propõe o fim do absolutismo e o retorno do rei D. João VI para Portugal.” In http://pt.wikipedia.org/wiki/Vintismo (consultado a 8 de Janeiro de 2010).
[9] Vd. CARDOSO, António - ob. Cit. , p.14.
[10] Os mercadores portuenses que haviam perdido a Casa da Bolsa do Comércio e perante essa situação viram-se obrigados a discutir os seus negócios ao ar livre, na rua dos ingleses (a Juntina dos Ingleses). Vd. IDEM - ibidem. p.14.
[11] Pereira, José Ribeiro - 1834- 1994, 150º aniversário. Contributo para a história dos últimos 50 anos, Edição da Associação Comercial do Porto, 1992, p. 65.


[12] BASTOS, Carlos - Associação Comercial do Porto – resumo histórico da sua actividade desde a sua fundação, Edição da Associação Comercial do Porto, 1947, p. 200.  e OLIVEIRA, Carlos - ob. Cit. , p. 24, 26 e 28.




quarta-feira, 17 de março de 2010

II Encontro Sobre os Estuques Portugueses: O Restauro do Salão Árabe 28 e 29 de Abril de 2010 (Salão Árabe - Palácio da Bolsa do Porto)







Desde a sua inauguração que o Salão Árabe do Palácio da Bolsa do Porto não foi sujeito a uma intervenção integrada de conservação e restauro. No âmbito deste trabalho, com este “ IIº Encontro Sobre Os Estuques Portugueses”, o Museu do Estuque, e na continuidade das acções anteriores, pretende sensibilizar a opinião pública e profissional sobre a importância e a fragilidade deste património desprotegido pela História da Arte. As novas enunciações de património cultural pela UNESCO confrontam arquitectos, engenheiros, gestores de património e agentes culturais em particular, com uma maior exigência sobre a conservação de ramos da nossa cultura material e imaterial, premissa à valorização e salvaguarda deste património e de todas as características ambientais que a sua presença determina no contexto do qual são colocadas e das quais fazem, imprescindivelmente, parte.
Com este “II Encontro Sobre os Estuques Portugueses”, O Museu do Estuque pretende criar um ponto de partida para uma reflexão que permita, sobretudo, um contributo a uma pratica de restauro e de recuperação destes artefactos mais conscienciosa.

Organização:                              Associação Comercial do Porto 
                                                                                 e 


domingo, 28 de fevereiro de 2010

A CRERE no "Grande Porto " de 19 de fevereiro de 2010



II Encontro Sobre os Estuques Portugueses: O Restauro do Salão Árabe





II Encontro Sobre os Estuques Portugueses:
O Restauro do Salão Árabe

28 e 29 de Abril de 2010
(Salão Árabe - Palácio da Bolsa do Porto)

Desde a sua inauguração que o Salão Árabe do Palácio da Bolsa do Porto não foi sujeito a uma intervenção integrada de conservação e restauro. No âmbito deste trabalho, com este “ IIº Encontro Sobre Os Estuques Portugueses”, o Museu do Estuque, e na continuidade das acções anteriores, pretende sensibilizar a opinião pública e profissional sobre a importância e a fragilidade deste património desprotegido pela História da Arte. As novas enunciações de património cultural pela UNESCO confrontam arquitectos, engenheiros, gestores de património e agentes culturais em particular, com uma maior exigência sobre a conservação de ramos da nossa cultura material e imaterial, premissa à valorização e salvaguarda deste património e de todas as características ambientais que a sua presença determina no contexto do qual são colocadas e das quais fazem, imprescindivelmente, parte.

Com este “II Encontro Sobre os Estuques Portugueses”, O Museu do Estuque pretende criar um ponto de partida para uma reflexão que permita, sobretudo, um contributo a uma pratica de restauro e de recuperação destes artefactos mais conscienciosa.



Participantes:

Doutora Isabel Mendonça

Dr. º José Pestana / Professor Doutor Luís Afonso

Professor Doutour Engenheiro João Paulo Guedes

Drª. Marta Castro

Mestrando e Engenheiro Miguel Figueiredo

Professor Doutor Arquitecto Nuno Santos Pinheiro

Arquitecta Paula Silva

Mestre Patrícia Mestre

Dr.º Pedro Gago

Doutor Rui Moreira

Mestre Maria de São José Pinto Leite

Doutora Regina Anacleto

Dr.ª Teresa Freire

Dr.ª Sónia Cardoso


Informações e Contactos:
Tel: 00351 226164527 (Paulo Castro, João Oliveira, Miguel Figueiredo)

Email: museudoestuque@crereportugal.com

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Stucco Vs Estuque






Na continuação do post de ontem ....
No entendimento e na consciência do que a arte do estuque artístico representa, e enquanto membro do grupo de gestão do Museu do Estuque®, a esta página de blog sobrevém uma finalidade principal: lembrar e chamar a atenção a todos para este bem da cultura artística. Aqui, para além da temática central a que este blog está destinado, também pretendemos abranger a história desta matéria desde os primórdios do homem até aos dias de hoje. E um ponto que é logo de assinalar e alertar, é a valência semântica do termo estuque. Na realidade, este termo apresenta múltiplos planos de leitura que se apresentam integrados no conhecimento matérico com a designação generalizada de “estuque” e o seu conhecimento é indispensável para a orientação das operações de manutenção, conservação, restauro e reabilitação, sem as quais perde-se a memória do construir, o que constituiria, mais tarde ou mais cedo, a perda do objecto construído ou a perda da percepção da representação do original. Conforme confrontados com a tratadistica e com a manualistica, rapidamente apercebemo-nos de que a tecnologia do estuque está sedimentada em operações principalmente artesanais e, por isso, raramente fixadas em formulações codificadas e aprofundadas. Ao longo do tempo esta matéria modifica-se e sujeita-se aos caprichos do homem. A protecção dos estuques impõem-se não só pela exigência de conservar ramos da nossa cultura material e figurativa, e cujas técnicas construtivas não resultam actualmente reempregáveis por uma série de motivos (tais como a capacidade manual dos mestres e a difícil obtenção e manipulação das matérias primas tradicionais), mas também pela necessidade de salvaguarda de todas aquelas características ambientais que a sua presença determina no contexto do qual são colocadas e das quais fazem, imprescindivelmente, parte. Há assim que criar um ponto de partida para uma reflexão que permita indagar as razões pelas quais e de que modo foram realizados os estuques, não com o objectivo central de responder a interrogações de carácter historiográfico mas, sobretudo, como contributo a uma pratica de restauro e de recuperação destes artefactos mais conscienciosa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Rota de Estuques na Cidade do Porto

O que é que o Porto tem'?
Tem muito estuque tem! Mais propriamente, tem muito trabalho de estuque artístico. Por toda a cidade , no exterior e no interior dos edifícios, os trabalhos em argamassas moldadas manualmente ou com recurso a  moldes (de diversos tipos) , criam a imagem de uma cidade com um vínculo profundo ao que designamos de estuques artísticos. E assim os chamamos graças aos nossos colegas italianos que, de uma forma sagaz, empregam a palavra stucco  (ou estuque) para a designação generalizada de argamassas moldadas independentemente da sua natureza mineral, ou seja, da composição. E é a partir do italiano que a palavra estuque entra no léxico português.
Os estuques tradicionalmente, e desde a antiguidade podem-se dividir claramente em dois tipos: os estuques artísticos à base de cal aérea (e que os italianos designam de stucco forte, stucco anticho ou stucco alla romana) e os realizados à base de gesso (stucco da gesso ou stucco da banco). Tratam-se de formatações diversas de acordo com a disponibilidade tecnológica dos materiais base (cal ou gesso) e de acordo com a menor ou maior densidade de aplicação destes artefactos artísticos na arquitectura. Sem dúvida que é a partir do XVIII que o estque de gesso têm a sua maior divulgação face à maior exigência de uso destes artefactos na arquitectura...aliás, factores indespensáveis a transformarem a aquitectura real numa realidade virtual, fictícia e ilusionista que "quase" assegurava a ascenção da escala humana à escala divina do Olimpo, mas não lhe permitia a dimensão sagrada.

Colocar em jogo toda a complexidade da arte do estuque, seja do ponto de vista tratadistico seja do ponto de vista do conhecimento dos construtores, permite hoje reconsiderar esta técnica no seu íntimo e assegurar que se trata-se de um património frágil e anónimo.
Estudando este material de forma mais aprofundada podemos reconhecer o progresso e as mudanças na história deste material, de forma a aceder e compreender a riqueza, o refinamento de soluções construtivas adoptadas e a importância sobre o plano arquitectónico e a escala urbana que o “fenómeno” estuque apresentou e ainda apresenta na redefinição do espaço urbano, enquanto expressão da adesão ao gosto do momento.
Cabe aqui citar Clara Palmas Devoti que, em relação às   pinturas e estuques das fachadas de Génova,  « […] tem a particularidade de não serem um facto puramente decorativo mas são também substancia da arquitectura, e é este “ser arquitectura” é que torna difícil o problema do restauro. 1»

Marsilio Ficino2 refere que a cidade não é feita de pedras, é feita de homens. Assim, e tal como provocado pelo actual pensamento da UNESCO, o que está em questão não é a dimensão de uma função, mas sim, a dimensão da existência humana 3 . A noção de património afastou-se definitivamente da matriz original do monumento histórico; “(...) a condição de património passou a abranger as mais diversificadas manifestações culturais, desde as de suporte natural às intangíveis. A uni-las o reconhecimento da sua capacidade de representar valores e necessidades que estabelecem vínculos entre o presente e o passado, dando assim coerência a um mundo em constante transformação, ou sublinham aquilo que de especifico tem cada grupo, legitimando a sua afirmação como entidade única, original e autónoma. 4”. Assim, a cidade traduz-se num património colectivo permeável e dinâmico.
“Quando se começou a considerar “históricos” não só os fatos dos “grandes”, mas também os do povo, ou seja, os fatos da economia, do trabalho, das artes, o valor da historicidade de uma cidade não pôde mais limitar-se aos monumentos, mas estendeu-se a todo o tecido urbano. 5 ” Este, potencia o património imaterial que, intrinsecamente, lhes está associado e ajuda à sua integração memorial, benefício da sua materialidade e enraizamento físico no mundo 6.
Na perspectiva da arte do estuque artístico, a leitura da cidade não pode ser vista apenas como, exclusivamente, o produto resultante das técnicas da construção e da arquitectura. Há todo um conjunto de artes, que em dada época se poderiam chamar de integradas 7, que também concorrem para estabelecer a realidade visível da cidade 8. É durante o século XX que, em Portugal, ocorre uma ruptura definitiva entre as técnicas urbanas e as técnicas artesanais 9, intimamente relacionada com um sistema da economia e da estrutura social. Vivemos uma mundialização; um mundo integrado de objectivos económicos, onde a existência das técnicas de construção tradicional e das artes integradas que eram aplicadas em maior ou menor escala, de acordo com a capacidade económica do mandatário do trabalho, estão num processo de desaparecimento ou, no mínimo, de completa estagnação e em perda eminente. A determinante existência de falta de articulação entre a conservação da matriz antiga e o quotidiano citadino levantou antagonismos, que conduziram a um modelo de desenvolvimento urbano que desprezou a cidade como testemunho da história .

Esta relação intima entre os aspectos histórico-artísticos que determinam a existência da arte da escultura artística em estuque a partir do XVIII, e a sua manutenção ao longo de um XIX e, incluso, parte do XX, tal como em outras situações, decorre de uma engrenagem de fenómenos resultantes dos aspectos sociais e económicos do Porto e de outras cidades e lugares de Portugal. A arte do estuque, ao ser usada como um valor social, desenvolve-se em conjunto com uma nova ideia da história, e direcciona-se para os factos inerentes ao quotidiano das pessoas. Esta temática tem o potencial de ser adaptada, funcionar como recurso e usado na evidência das especificidades da sociedade; anuncia a história de uma zona, região, povo e ambientes onde se particularizam necessidades e interesses. Assim, estas configurações artísticas estão intimamente associadas aos “ambientes”10 das cidades, porque a sociedade da época assim o permitiu, quase como se tratasse do resultado das necessidades e do comportamento dos seres que a habitavam.

Neste contexto, os trabalhos em estuque artístico que "circulam " pela cidade, são detentores de uma herança da arte da escultura decorativa em estuque, quer de interior, quer de exterior, que podem ser decompostos num numeroso conjunto de artistas, artesãos, desde conhecidos como os Baganhas, os Ramos e os Meiras, até aos simples anónimos. Assim, este património integrado e vivo dentro da própria cidade, exposto e escondido em imóveis públicos e privados, é determinante para a nossa identidade, que também se sintetiza no lugar que habitamos. À semelhança dos monumentos, acabam por comunicar “imaginabilidade”11 . Com esta qualidade, estes pequenos, mas grandes episódios urbanos, demonstram um potencial e uma capacidade para evocar uma imagem forte em quem observa, e que concorre para a salvaguarda da memória da cidade. Tratam-se de factores patrimoniais, que nos remetem para momentos particulares da historia da(s) cidade(s), onde se registam etapas de crescimento das mesmas, “ (…) as particularidades do seu quotidiano, os acidentes e os sobressaltos da sua historia e o modo como a população se relacionou e viveu, ao longo do tempo, com e no espaço que ocupa. Mesmo quando essas particularidades reflectem uma conjuntura com dimensões mais alargadas, isto é nacionais ou até transnacionais, é para a sua própria história e vivência que o património urbano nos remete em primeiro lugar. 12”.
Na revista Sábado de 18 de Fevereiro de 2010, no GPS, saíu um pequeno roteiro de estuques do Porto. Mínimo...mas o suficiente para, durante um dia, poder-se passar do XVIII até ao XX usufruindo da vantagem do andar a pé e de conhecer espaços únicos. Apesar de ter algumas incongruencias (que não se percebem) , vale a pena testar!


Para quem não viu aqui fica!...

  §
 


Referências
1 - Clara Palmas Devoti: Peculiarità construttive ed ambientali delle architetture dipinti genovesi ed aspetti tecnici degli interventi restaurativi, in G. Rotondi Terminiello e F. Simonetti (a cura di), Facciate dipinte. Conservazione e restauro , Atti del convegno di studi – Genova 15- 17 aprile 1982, Sagep editrice, Genova, P. 133.
2 - Filósofo Florentino (1433 – 1499). Vd. ARGAN, Giulio Carlo - Ob. cit. p. 223.
3 -Vd. ARGAN, Giulio Carlo - Ob. cit. p. 223.5 -Vd. ARGAN, Giulio Carlo - Ob. cit. p. 260.
4 - Vd. CHOAY, Françoise – Património e Mundialização. Évora: Casa do Sul Editores, 2005. p. 6 - Vd. CHOAY, Françoise – Ob. cit. p. 21.
7 - Os cursos de arquitectura e de artes plásticas estavam interligados através de uma disciplina “Integração das Artes” que era comum aos cursos de pintura, escultura e arquitectura. Por outro lado, até aos anos 50, era obrigatória que nos edifícios públicos fosse reservada uma verba destinada ao embelezamento dos imóveis. Artes de construção tradicional, arte do estuque artístico, arte da serralharia, arte da azulejaria, da pintura decorativa, etc. Vd. BASTO, Vítor Pinto – Valores esquecidos da arquitectura portuense. Jornal de Notícias, 1994. p. 8 - Vd. ARGAN, Giulio Carlo - Ob. cit. p. 75.
9 - A mudança radical de valores artísticos que processam na Europa, a afirmação crescente da Arquitectura como arte individualizada, a separação definitiva da Escola Superior de Belas Artes da Faculdade de Arquitectura promovem um esquecer e um desvanecer das correntes artísticas acessórias e destinadas a embelezar os edifícios. Esta situação está referida nas declarações de Siza Vieira e Fernando Pernes a Vítor Pinto Basto. Os mesmos também referem que, até aos anos 50, era obrigatória que nos edifícios públicos fosse reservada uma verba destinada ao embelezamento dos imóveis. Vd. BASTO, Vítor Pinto - Ob. cit. P.7.
10 - Vd. ARGAN, Giulio Carlo - Ob. cit. p. 216.
11 - Vd. LYNCH, Kevin – A Imagem da Cidade. Porto: Edições 70, 1982. p.11 - 20 .
12 - Vd. RODRIGUES, Paulo simões – Ob. Cit. p. 46.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Broadcast Interno da CRERE para resumo dos trabalhos de Restauro do Salão Árabe do Mês de janeiro de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=KlhIWcL3r0ACRERE  resumo dos trabalhos de Restauro do Salão Árabe do Mês de janeiro de 2010

A CRERE, o Restauro do Salão Árabe, Museu do Estuque e Loja do Museu do Estuque nos media: Porto Alive

A visão do PortoAlive à volta da CRERE, o Restauro do Salão Árabe, Museu do Estuque e Loja do Museu do Estuque http://www.youtube.com/watch?v=eq-Dt_FlpxY

Restauro do Salão Árabe nos media: Porto Canal

A visão do Porto Canal à volta do trabalho da CRERE no Salão Árabe.http://www.youtube.com/watch?v=uLN0FYcGxbI

CRERE - Restauro do Salão Árabe nos media : Canal de Televisão da CM do Porto

Os trabalhos de restauro na óptica do Canal Interno de Televisão da Câmara Municipal do Portohttp://www.youtube.com/watch?v=SXFF9YQOkr8

CRERE - Restauro do Salão Árabe nos media : Portugal em Directo parte 2

A CRERE  e o restauro do Salão Árabe nos media : Portugal em directo - parte 2http://www.youtube.com/watch?v=wzzbDrA_5Vo

CRERE - Restauro do Salão Árabe nos media : Portugal em Directo

Aqui fica  link para Portugal em directo parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=fErMnKqjBww

sábado, 30 de janeiro de 2010

O Restauro do Salão Árabe no semanário "Grande Porto" de 29 de janeiro de 2010

"Grande Porto" de 29 de Janeiro :  feedback dos media ao trabalho de Conservação e Restauro do Salão Árabe.
Segunda feira temos o link.